“As aulas da escola me ensinaram como passar no vestibular, mas o programa Escola da Inteligência me ensinou a lidar com as provas da vida”
Olá, gostaria de dividir com vocês um pouco da minha história e da minha experiência como aluna do Programa Escola da Inteligência. Bem, desde criança eu vi injustiças, vim de uma família humilde, minha mãe sempre trabalhou duro para criar eu e minhas irmãs. Meu pai nos deixou quando eu tinha 4 anos e aparecia às vezes e logo depois sumia. A maioria das pessoas me falava que, como eu era pobre, nunca seria ninguém, que eu teria sorte se arrumasse um emprego. Faculdade sempre foi um sonho distante.
Eu vi minha mãe ajudando os outros e, quando ela precisou de ajuda, não tinha ninguém. Eu vi meu tio morrer sem ver seu filho. Eu vi minha família brigar por uma mísera casa deixada de herança. Enfim, eu vi desde criança o lado triste, o lado perverso do mundo. Eu sempre fui uma menina tímida, com poucos amigos.
Na oitava série, tive a chance de fazer uma prova e consegui bolsa na melhor escola particular da minha cidade. Entrando lá eu conheci a Rafinha, a Débora e o Fernando, que começaram a me incentivar a querer ir para a faculdade. Eu me aproximei muito da Rafa e quando ela me contou que ela daria as aulas de filosofia e sociologia eu fique meio confusa. Ela explicou bem por cima sobre o projeto e eu confesso que no começo não coloquei fé, um programa que queria tornar o mundo um lugar melhor não parecia viável para mim.
A Rafa chegou um dia com as revistas e pediu para que as pessoas se voluntariassem para ler. Quando ouvi a história daqueles personagens me identifiquei na mesma hora e me apaixonei. Vivia perguntando para a Rafa quando chegaria a próxima edição, eu queria saber o que aconteceria com os meus personagens. Cada vez mais, vendo a história de superação tanto dos personagens quanto dos filmes que a revista indicava, eu comecei a sonhar em ser alguém, ser quem eu quisesse.
Quando eu contei que pretendia fazer uma faculdade pública em outra cidade minha família foi totalmente contra, falavam que eu não ia me sustentar, que eu tinha que me pôr no meu lugar, de uma pessoa pobre e sem chances na vida. Eu pensei em desistir, mas ver aquelas histórias da EI, ver que tantas pessoas tiveram problemas e não desistiram, pensei: por que eu deveria desistir dos meus sonhos?
Aos poucos a mudança começou a se alastrar pela escola, não era só eu que estava mudando, os alunos começaram a se envolver em projetos, desde doação de chocolate para crianças carentes até cortar os cabelos para doar pro hospital do câncer. Uma corrente de bondade surgiu, todos ao meu redor mudavam, mas poucos percebiam que a mudança era graças à E.I..
Eu mudei, eu parei com o coitadismo, minha vida foi difícil mas eu tinha a chance de mudar, de viver o que eu queria para mim. No terceiro ano, voltei a ter as aulas de filosofia e sociologia e, é claro, que ia pedir para a Rafa as revistas emprestadas para ler. Eu me tornei a fã número um do programa, eu torcia, chorava e ria com os personagens, com os filmes, com as histórias.
A Escola da Inteligência me mostrou que eu não precisava ser a melhor, mas sim dar o melhor de mim, e fazer tudo com todo amor e carinho. Eu aprendi a confiar em mim mesma, a ver o mundo com outros olhos, ver que apesar das tristezas, devemos ver sempre uma luz no fim do túnel. Acreditar, isso é o que o programa nos ensina! A acreditar em nós, a acreditar nas pessoas, a acreditar que juntos podemos fazer do mundo um lugar de bem.
Claro que essa autoconfiança me rendeu frutos. Eu fui aprovada em cinco universidades no curso de Economia. Hoje estou envolvida em um projeto social de ensinar educação financeira para catadoras de lixo e até estou pensando em um intercâmbio para o exterior. A menina que nem faculdade acreditava que faria hoje está sonhando alto graças a todos vocês.
Aprendi que cada um carrega sua dor, e nenhuma é maior que a outra, e que o melhor jeito de vencer é superar a si próprio. As aulas da escola me ensinaram como passar no vestibular, mas o programa EI me ensinou a lidar com as provas da vida, com os problemas diários que enfrentamos, e isso vale muito mais que qualquer aprovação em uma escola pública.
Eu quero agradecer à minha mãe, tia e irmãs, à Rafinha, ao doutor Augusto Cury e a todos os envolvidos no projeto por me ensinarem e ensinarem a milhares de jovens que uma pessoa pode sim fazer a diferença e que todos somos capazes de realizar qualquer sonho se acreditarmos em nós mesmos. O programa nos ensinou a construir amigos, enfrentar obstáculos, bater na porta da vida e dizer: não tenho medo de vivê-la. Muito obrigada!
Lídia Maria Bussiman Gomes, de 18 anos, participou do Programa Escola da Inteligência no Colégio Anglo de São João da Boa Vista. Hoje, ela cursa Economia na Unesp de Araraquara.