Especialista afirma que abrir mão do sono para ter mais tempo de repassar todo o conteúdo não é uma estratégia que assegure ao fera um resultado satisfatório
Para dar conta da maratona de estudos e, dessa maneira, atingir um bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os estudantes costumam virar a noite debruçados em livros. A meta é não deixar escapar os temas cobrados nas provas. Abrir mão do sono, contudo, na tentativa de assimilar todo o conteúdo, não é uma atitude recomendada pelos professores e especialistas.
Afinal, já está mais do que provado que dormir bem é essencial para consolidação do aprendizado e, consequentemente, um melhor rendimento escolar. “Há estudantes que consideram perda de tempo uma boa noite de sono, mas a verdade é que, quando dormimos bem, gravamos na memória o que aprendemos ao longo do dia”, explica a psicóloga e psicopedagoga Mariana Malheiros, do Colégio Santa Maria.
É como se o sono fosse um alimento para o cérebro – um conceito valorizado pela estudante do 3º ano do ensino médio Maria Manoela Cavalcanti, 16 anos. Ela reconhece que dormir na medida certa é essencial não apenas para mandar para bem longe o cansaço, como também para alcançar um bom desempenho nas provas do Enem e, dessa maneira, conseguir uma vaga no concorrido curso de medicina.
“Tenho hora para estudar cada disciplina, relaxar e dormir. Percebi que seguir essa rotina ajuda a gente a aprender mais. Acordo disposta e fico mais atenta às aulas. Quando o sono não é bom, fica mais difícil assimilar o conteúdo apresentado pelos professores”, conta Maria Manoela.
Ela também segue um ritual que privilegia medidas de higiene do sono, com hábitos que levam a um adormecimento tranquilo. A estudante sabe que, para dormir bem, não basta fechar os livros e ir direto para a cama. “Acabo de estudar às 22h e só consigo relaxar depois de um bom banho. Vou para a cama e só acordo às 6h30, renovada.”
A média de sono de Maria Manoela é de oito horas por noite – um tempo considerado adequado pelos especialistas. Mas há muitos estudantes que ainda preferem varar a madrugada estudando. “Se fizermos uma enquete em qualquer turma de ensino médio e perguntarmos quem acorda cansado, quase todos os alunos vão dizer que sim. E boa parte também levanta no meio da noite e não consegue dormir mais”, diz o psicoterapeuta Augusto Cury, idealizador do Programa Escola da Inteligência, adotado pelo Colégio Santa Maria com o objetivo de promover a saúde psicossocial durante as aulas.
“Quem deseja fazer uma boa prova tem que controlar o estresse e dormir bem. Não adianta incorporar a informação e continuar ansioso porque, no momento do teste, corre-se o risco de ter os arquivos da memória bloqueados”, acrescenta Cury. Ele também ressalta que, perto da hora de ir para a cama, os alunos precisam ficar longe dos smartphones e tablets. “É importante diminuir a atividade digital porque o comprimento de onda azul desses aparelhos pode bloquear a melatonina”, explica o psicoterapeuta, ao se referir ao hormônio natural que ajuda a pessoa a pegar no sono.
Um estudo da Fundação Nacional do Sono (NSF, na sigla em inglês) revela que apenas 15% dos adolescentes norte-americanos dormem oito horas em média. Especialistas acreditam que esse padrão de sono, na mesma faixa etária, é semelhante no Brasil. Em nome da consolidação do aprendizado, é hora de rever a rotina e adotar um ritual de sono que leve a um bom rendimento escolar.
Texto: Cinthya Leite
Fonte: Jornal do Commercio Online