Como lidar com a mudança drástica de sentimentos de seu filho
Viver com uma criança é mais ou menos como andar em uma montanha-russa de emoções. Seu filho está brincando feliz com seu brinquedo favorito e de repente o irmão mais velho aparece e o pega. Pronto, em um curtíssimo espaço de tempo ele passa das risadas para um ataque de raiva e, finalmente, para o choro. Você pode fazer várias tentativas de acalmá-lo, mas aí é só drama.
A pergunta que fica é: por que crianças pequenas tendem a mudar de humor tão radicalmente? Não é porque eles sentem as coisas de um jeito mais intenso que os adultos. “Crianças simplesmente ainda não aprenderam a expressar suas emoções de um jeito socialmente aceitável, então elas podem sair do controle muito rapidamente”, diz Linda Acredolo, psicóloga e uma das autoras do livro Sinais – A linguagem do bebê (Ed. M.Books).
É importante que você ajude seu filho a reconhecer o que ele está sentindo e a lidar com os sentimentos. De acordo com a pesquisa feita por John Gottman, psicólogo e autor do livro Inteligência Emocional e a Arte de Educar Nossos Filhos (Ed. Objetiva), instruir uma criança a classificar suas emoções acalma o sistema nervoso dela, o que ajuda a diminuir as variações de humor. Estudos mostram que crianças que sabem lidar com seus sentimentos têm uma boa relação com os colegas e são menos agressivas, além de ter um melhor desempenho na escola.
Acabando com a raiva
A raiva é um sentimento difícil para as crianças controlarem. Isso porque causa uma grande liberação de adrenalina que faz o coração acelerar e causa os chiliques. Para acabar com as reações inapropriadas, como socos ou chutes, é preciso reforçar algumas coisas: deixe claro o motivo da braveza, por exemplo, “você está com raiva porque o João quebrou o seu carrinho. Eu também ficaria brava, se isso acontecesse com as minhas coisas”. Explique que bater ou chutar não é o jeito certo de lidar com o sentimento e pergunte como ele acha que as ações dele fazem os outros se sentirem. Reforce que esse tipo de comportamento poderá causar algumas perdas, como ficar alguns dias sem assistir televisão. Depois que ele se acalmar, explique que o certo a se fazer é pedir desculpas pelo comportamento.
Encarando o medo
Qualquer coisa pode assustar uma criança pequena, desde cachorros até o barulho de aspirador de pó. Joana Castilho, filha de Vanessa e João, tem problemas para lidar com insetos. Especialistas dizem que é importante levar em consideração os medos das crianças, porque, para elas, eles não são nem um pouco bobos. Para diminuir a ansiedade do seu filho, você pode apontar, por exemplo, as semelhanças entre abelhas (que podem picar), e borboletas (que são bonitas) – as duas voam, ajudam as flores a crescer e são coloridas. Você também pode tentar mostrar que não é preciso ter medo de certas coisas. Por exemplo, explicar porque cachorros latem tão alto, e mostrar que o aspirador de pó não machuca ninguém.
De acordo com estudo publicado no jornal americano Child Development, crianças pequenas têm menos medo daquilo que elas podem imaginar de um jeito divertido, pois assim parece que não apresentam ameaça. Você pode pedir para que seu filho desenhe o cachorro que late alto, e depois desenhar bolinhas coloridas e enfeites nele, de um jeito que fique menos assustador.
Controlando o ciúme
A inveja é uma emoção natural em crianças, mas não espere que seu filho saiba que é isso que ele está sentindo. É difícil para ele classificar esse tipo de sentimento. É provável que ele diga que está bravo porque o irmão mais novo recebe mais atenção ou porque o amigo da escola tem um quarto só dele, por exemplo. Um bom começo é reconhecer o ciúme e deixar claro para ele que você o entende.
Depois, é bacana pensar em maneiras de amenizar o sentimento. Você pode tentar, por exemplo, fazer uma espécie de divisória no quarto dos seus filhos, para que cada um sinta que tem o seu espaço. Se o mais velho estiver com ciúme do irmãozinho recém-nascido, explique que bebês não podem fazer coisas sozinhos, e é por isso que você tem que dar bastante atenção a ele. Mas é importante também que você reserve um tempo para ficar só com o maior para ele não se sentir deixado de lado.
Fonte: Pais & Filhos