O empoderamento feminino na escola é uma das medidas capazes de contribuir para o desenvolvimento de mulheres mais preparadas e confiantes, aptas a colaborar com a sociedade para o seu progresso.
A expansão do feminismo e das reflexões sobre os gêneros são movimentos globais que encontram espaço privilegiado em ambientes educacionais. Os debates com crianças e jovens acerca dessas questões são importantes na medida em que oportunizam a conscientização. É preciso aprender desde muito cedo a respeitar as diferenças.
O empoderamento feminino na escola, por exemplo, é uma das medidas capazes de contribuir para o desenvolvimento de mulheres mais preparadas e confiantes, aptas a colaborar com a sociedade para o seu progresso. Nesse sentido, cabe ao professor — diante das circunstâncias — incentivar as reflexões sobre os gêneros, promover a equidade, estimular a empatia e fortalecer o empoderamento feminino na escola, evitando que meninas se sintam menosprezadas frente a situações machistas.
Para implementar essa mudança de forma efetiva, continue lendo nossa publicação para entender a importância dessa abordagem e conferir algumas atividades que podem ser inseridas em seu plano de aulas. Vamos lá!
Entenda por que essa abordagem é importante
A partir da visibilidade do movimento feminista — no qual a consciência do coletivo permite que haja equidade entre os gêneros—, o empoderamento passa a possibilitar um recorte lúdico em sala de aula ao trabalhar essa questão, abrindo espaço para que sejam pensados e questionados os conceitos de feminilidade.
Segundo pesquisa de opinião pública encomendada pela instituição Católicas pelo Direito de Decidir ao IBOPE, realizada em 2017, 84% da população brasileira é favorável a discussões com alunos sobre igualdade de gênero. O dado recente demonstra que as pessoas têm valorizado mais o tema, mostrando-se dispostas a lidar com ele.
Para mulheres jovens, a cultura machista afeta de forma direta não somente sua educação, como também sua inserção no mercado de trabalho. Os dados são da pesquisa “#meninapodetudo“, da agência ÉNois, que atua como Escola de Jornalismo. Nela, 77% das entrevistadas de 14 a 24 anos afirmaram que o machismo atrapalha ou já atrapalhou seu desenvolvimento.
Veja algumas atividades que podem auxiliar esse processo
Há maneiras simples de abordar o empoderamento feminino na escola, a partir de atividades que levem os alunos a questionarem e a compreenderem, desde pequenos, o papel e a importância de cada um na sociedade. Confira!
Aborde a importância das mulheres na história
Seja durante o Ensino Fundamental, seja ao longo do Ensino Médio, as aulas de História, ou aquelas em que há alguma contextualização histórica, versam sobre temas importantes de uma perspectiva masculina, em que a maior parte das figuras emblemáticas é homem.
Embora também se trate de uma discrepância da própria trajetória da sociedade, que limitou, durante séculos, o protagonismo das mulheres em âmbitos religiosos, políticos e científicos, existem figuras femininas relevantes que podem ser lembradas.
Na Antiguidade, por exemplo, além de falar sobre Platão e Aristóteles, é possível citar Hipácia, filósofa e matemática que se destacou em Alexandria, com notável contribuição para o universo helênico. Mais adiante, ao tratar sobre a Guerra dos Cem Anos, vale a menção à figura de Joana d’Arc, na França. Na ciência, vale também lembrar a teoria da radioatividade, contribuição de Marie Curie, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Física, e a primeira mulher a ser admitida no quadro de professores da Sorbonne, a Universidade de Paris.
Um professor atento e consciente saberá encontrar outros exemplos. Na História Brasileira, o professor pode relatar a trajetória da Princesa Isabel e destacar mais personalidades como Maria Quitéria, durante a Guerra da Independência, Anita Garibaldi, Tarsila do Amaral, Patrícia Galvão e, contemporaneamente, Maria da Penha, cuja abordagem, em debate, pode envolver a lei homônima e seus princípios.
Incentive a leitura de livros escritos por mulheres
Assim como em História, a Literatura apresenta a predominância de escritores homens. Ao darem aulas sobre movimentos literários, por exemplo, professores reforçam, desde o Trovadorismo, histórias escritas sob o viés masculino.
Mesmo que a escrita tenha sido, de fato, um privilégio dos homens — já que as mulheres ainda não eram alfabetizadas —, a partir do século 19, em se tratando de literatura mundial, surgiram mais autoras que requerem menções. Na Inglaterra, por exemplo, Jane Austen, as irmãs Brontë e, posteriormente, Virginia Woolf trazem personagens e questões pertinentes ao lugar da mulher na sociedade.
No Brasil, durante a transição para o século 20, é possível citar figuras como Albertina Bertha, Júlia Lopes de Almeida e Narcisa Amália. Dentre modernistas e autoras contemporâneas, vale destacar a obra de algumas autoras, o professor pode levar para discussão os textos de Carolina de Jesus, Clarice Lispector, Conceição Evaristo, Cora Coralina, Lygia Fagundes Telles, Marina Colasanti e Rachel de Queiroz.
Promova atividades de educação física que envolvam todos
De acordo com a seção “Prática de Esportes e Atividade Física“, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de 2015, mais de 66% das mulheres são sedentárias. Entre homens, o percentual se aproxima de 57%.
Essa diferença se justifica, para elas, pela falta de tempo. No caso de mulheres adultas, a justificativa encontra argumentos nas atividades que elas acumulam em casa além do trabalho e, também, no baixo incentivo que começa na infância e se perpetua durante a adolescência.
Como se o esporte fosse uma atividade essencialmente masculina, as meninas se acostumam a serem deixadas de lado em times e aos estigmas de que não possuem força, velocidade, resistência ou quaisquer outros atributos suficientes para praticarem uma atividade física regularmente. As próprias aulas de educação física, com isso, passam a ser negligenciadas por muitas delas.
Desse modo, é interessante que o professor forme equipes mistas, promova a equidade e evidencie a importância da educação física e da prática de esportes na vida de qualquer pessoa, não somente do ponto de vista dos benefícios físicos, mas também como elemento de lazer e de autoestima para cada indivíduo.
Modere debates sobre gênero, feminismo e empoderamento feminino na escola
Incluir, desde o Ensino Fundamental, atividades de discussão em sala de aula é uma forma de pautar a reflexão para que os alunos cresçam próximos dela.
Nesse contexto, uma boa alternativa é aproveitar o contexto vivido e as situações do cotidiano. Em competições esportivas renomadas, por exemplo, vale questionar a turma sobre a participação dos times femininos e sobre a cobertura midiática dada a eles.
Durante o período de eleições, além da conscientização sobre a cidadania, o profissional de educação pode apresentar um panorama com dados sobre a representatividade feminina em diferentes estratos — da federação aos municípios.
Em se tratando de debate, também é possível incentivar os alunos a compartilharem histórias que conheçam, como casos de mulheres que admirem, fazendo com que se aproximem ainda mais da questão do empoderamento feminino.
Fomente a equidade em todas as disciplinas
Derrubar estereótipos atribuídos historicamente a gêneros e mostrar que a educação necessita ser igualitária são algumas das funções mais importantes do professor, em qualquer disciplina que lecione.
Para isso, ele pode contribuir ao reforçar o discurso de que ciências exatas não são somente para meninos, tampouco de que as mulheres só podem ser bem-sucedidas em humanidades. Matemática, Português, Biologia, Química e Artes, entre outras áreas do saber, podem ter alunos e alunas igualmente talentosos.
Em Matemática, especificamente, todo incentivo dado às meninas é fundamental para que possam aumentar sua participação no mercado de tecnologia e no segmento de programação, uma das áreas mais promissoras do mercado atualmente.
De todo modo, como formadora da sociedade e um dos pilares do desenvolvimento de cada cidadão, a educação representa a base em que devem ser construídos valores e propostas reflexões para que se ampliem o respeito e a empatia de todos.
Como você pôde ver, o empoderamento feminino na escola promove a consciência e a equidade entre alunos e alunas, sendo fundamental a sua inserção desde o início da trajetória de aprendizado, a fim de que se construa um mundo mais justo.
Gostou do post? Quer saber como a Escola da Inteligência pode contribuir com a questão a partir da educação socioemocional? Então, entre em contato conosco!