Saiba a importância de ter o aluno como protagonista no novo cenário educacional do país. Confira!
Ter o aluno como protagonista do processo de aprendizagem é uma meta fundamental a ser atingida no novo cenário educacional do país, mas ainda temos, enraizado na nossa cultura escolar, o modelo antigo, no qual o conhecimento em sala de aula está centrado no professor.
Apesar disso, a transformação começa a partir do que fazemos de nossa prática cotidiana. Neste artigo, você descobrirá por que o protagonismo do aluno é essencial para a formação integral dos estudantes e como as metodologias ativas auxiliam nesse processo. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!
Qual a importância de ter o aluno como protagonista na vida escolar?
Garantir que o aluno atue como protagonista em sua vida escolar significa que ele está assumindo maior responsabilidade por sua própria aprendizagem, sob a tutoria de seus professores. O ponto de partida para a ideia de protagonismo é que os estudantes de qualquer fase do ensino ― da educação básica à superior ― são capazes de desenvolver uma autogestão de sua aprendizagem, com mais independência e proatividade.
Inclusive, quanto mais cedo essa habilidade é desenvolvida, melhores são os resultados no futuro. No campo do ensino superior, por exemplo, a autonomia do aluno é particularmente importante, sobretudo em um momento no qual a cultura digital está, cada vez mais, descentralizando as atividades acadêmicas e o aluno estuda de onde estiver por meio de ambientes virtuais de aprendizagem para a educação a distância.
Como a aprendizagem autônoma é uma competência conquistada ao longo do tempo, deve ser incentivada precocemente pelas escolas, a fim de que os alunos reconheçam seu papel como responsáveis pela construção do próprio conhecimento.
Não à toa, o termo “protagonismo” aparece diversas vezes ao longo do texto da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ressaltando a importância de o aluno compreender o sentido do que aprende em relação à realidade, a fim de que possa ser protagonista na construção de seu projeto de vida.
Por esse motivo, o sentido de ter o aluno como protagonista transcende as atividades pedagógicas e ganha força na medida em que o estudante começa a interagir em sociedade nas suas diversas formas até chegar à vida adulta. Em vários trechos, a BNCC ressalta a importância do protagonismo do aluno no sentido comunitário e social, apontando essa como uma necessidade importante do desenvolvimento global do aluno como cidadão responsável e atuante.
A relação do protagonismo com o desempenho escolar
Protagonismo do aluno e aprendizagem ativa são termos quase consagrados na educação, especialmente quando relacionados à teoria construtivista. Um artigo da Universidade de Cambridge (Inglaterra) menciona que:
“o construtivismo enfatiza que (…) a aprendizagem é um processo de ‘construção de significado’. Os alunos desenvolvem seu conhecimento e compreensão para atingir níveis mais profundos de entendimento. Isso significa que os alunos são mais capazes de analisar, avaliar e sintetizar ideias (…). Professores qualificados tornam esses níveis mais profundos de compreensão mais possíveis ao fornecer ambientes de aprendizagem, oportunidades, interações, tarefas e instruções que estimulam o aprendizado profundo.”
De acordo com esse ponto de vista, entendemos que incentivar o protagonismo do aluno por meio de estratégias de aprendizagem ativa favorece o sucesso do estudante, uma vez que ele tem um papel central em sua própria aprendizagem, aprendendo a resolver melhor os problemas e aplicar seus conhecimentos. Estratégias voltadas ao protagonismo do aluno também incentivam o estudante a permanecer focado em seu aprendizado, o que contribui para um maior entusiasmo pelos estudos e engajamento.
Vale recordar ainda o famoso cone da aprendizagem, ou cone da experiência, do professor norte-americano Edgar Dale. Por meio desse esquema, ele associa que o percentual de retenção do aprendizado aumenta significativamente ― mais de 70% ― quando o aluno vivencia experiências práticas, especialmente analisando, criando, planejando e avaliando. Já quando comanda alguma experiência real, esse percentual de aprendizagem chega a 90%.
Por que a ideia de protagonismo estudantil está ganhando força na educação atual?
Especialmente em razão da era digital, a dinâmica da sociedade passou por uma grande transformação ― dos relacionamentos interpessoais aos meios de produção. Nessa esteira, o mundo tornou-se muito mais volátil, com mudanças constantes e cada vez mais repentinas.
Juntando tudo isso, e graças às tecnologias digitais (redes sociais, inteligência artificial, internet das coisas etc.), nunca se produziu tanta informação ao mesmo tempo na história. Para se ter uma ideia, estima-se que diariamente sejam produzidos, pelo menos, 2,5 quintilhões de bytes de dados ― volume que só tende a aumentar.
Com tantas mudanças, a educação 4.0 chegou e a escola não pode mais ser um ambiente meramente informativo. Afinal de contas, a informação está na palma das mãos dos alunos, por meio de smartphones e tablets, e nas telas dos PCs.
Logo, as demandas da sociedade e, consequentemente, do mercado de trabalho exigem que os indivíduos adotem posturas proativas e engajadas. Isso precisa começar com as escolas fomentando meios para seus alunos desenvolverem a própria autonomia e vencerem os desafios impostos pela contemporaneidade.
Quais são os principais benefícios de estabelecer o aluno como protagonista na aprendizagem?
Elencamos, a seguir, alguns pontos importantes sobre o assunto que podem ajudar a repensar as práticas na sala de aula. Confira!
Desenvolver a autonomia do estudante
Ver um estudante protagonizar o seu aprendizado significa, entre outras coisas, oferecer-lhe autonomia, estimulando-o a buscar informações e a construir conhecimento caminhando com as próprias pernas.
Isso não corresponde a deixá-lo à própria sorte, mas sim mediar o processo de aprendizagem, acompanhando os projetos dele desde o início até a finalização. Nesse novo formato, o professor abre os caminhos para que o estudante pesquise os conteúdos e descubra a melhor maneira de aprendê-los.
Dinamizar as aulas
Incluir novas tecnologias e as ferramentas trazidas por elas pode contribuir para esse protagonismo, mas cabe ressaltar que o estudante precisa se sentir parte do processo, interagindo em aula, sugerindo atividades e compartilhando experiências com os colegas. Do contrário, corre-se o risco de ser uma ferramenta de uso aleatório.
Estimular a criatividade
Outra vantagem considerável de transmitir o protagonismo para o estudante é estimular a sua capacidade criativa. Fazer isso é essencial, pois a criatividade é uma função nobre da inteligência que o motiva a desenvolver o olhar multifocal, a pensar fora da caixa e a sair do lugar-comum. Assim, trabalham-se as seguintes habilidades:
- analisar as situações;
- fazer escolhas;
- corrigir rotas;
- estabelecer metas;
- administrar as emoções;
- gerenciar os pensamentos.
Se o ambiente não é favorável, o estudante se torna desinteressado e perde a curiosidade natural pelas coisas.
Incentivar o pensamento complexo
Perceber que uma situação pode ser vista de diferentes formas e por diversos pontos de vista é importante para uma educação que visa ao protagonismo. Isso acontece porque o estudante que é capaz de perceber a realidade sob muitos ângulos, desenvolvendo o pensamento crítico e fazendo relações entre as ideias, compreende que não há uma única forma de enxergar o mundo e aprende a expor ideias e opiniões sobre vários assuntos sem imposição.
Melhorar a cooperação na sala de aula
O resultado de ter o aluno como protagonista no processo de aprendizagem é positivo e contribui muito para a cooperação na sala de aula. É claro que é necessário estabelecer algumas regras para que essa dinâmica funcione, mas o objetivo é aproveitar o que cada pessoa tem de melhor para um aprendizado compartilhado.
Esse modelo permite explorar melhor as dificuldades e facilidades de cada um, o que favorece a criação de um ambiente mais compreensivo e colaborativo.
Demonstrar ao estudante que ele também é fonte de conteúdo
Oferecer um espaço em sala de aula para que cada pessoa possa partilhar suas experiências e adquirir novos conhecimentos é a essência de um trabalho voltado para o protagonismo na educação.
Todos temos algo a ensinar e muito a aprender. Isso significa dar voz a todos e enxergar, em cada um, a capacidade de construir a partir de suas particularidades.
Quais são as metodologias ativas de educação?
Uma excelente forma de desenvolver o aluno como protagonista de seu aprendizado é utilizar as metodologias ativas de educação. Na sequência, confira o que elas são, como podem auxiliar na aprendizagem e qual é o papel do professor nesse formato!
Conceito
As metodologias ativas são ferramentas pedagógicas que posicionam o estudante como centro do processo de ensino e aprendizagem. Diferentemente de aulas expositivas, nas quais ele absorve o conteúdo de forma passiva, esse modelo é mais atrativo e dinâmico, o que possibilita captar a sua atenção de maneira mais eficiente.
Nesse ambiente, o estudante terá os seus aspectos cognitivos e socioemocionais potencializados devido à natureza flexível dessa metodologia. Isso significa uma aprendizagem significativa, a construção coletiva do saber em sala de aula e a articulação entre teoria e prática.
Exemplos de metodologias ativas
Elas podem ser desenvolvidas de diferentes formas ao combinar modalidades presenciais e a distância, além da utilização de recursos tecnológicos. Um dos exemplos mais famosos e empregados é a sala de aula invertida.
Esse modelo consiste em inverter a lógica tradicional de ensino, na qual os estudantes aprendem o conteúdo do professor e depois fazem exercícios de fixação, na escola ou em casa. Ao contrário, essa metodologia propõe que o estudante pesquise e estude a matéria primeiro para, posteriormente, discuti-la com o professor e os colegas.
A grande vantagem da sala de aula invertida é que ela reduz o tempo de exposição na aula e a torna mais interativa por aumentar o tempo de debate. Além disso, ela valoriza as experiências e o conhecimento prévio dos estudantes no processo de ensino e aprendizagem.
Veja outras metodologias ativas de sucesso:
- ensino híbrido;
- aprendizagem baseada em problemas;
- gamificação;
- aprendizagem baseada em equipes;
- estudo de caso;
- aprendizagem baseada em projetos.
Relação com o protagonismo estudantil
Essas metodologias podem contribuir para consolidar o aluno como protagonista na educação. Especialmente, elas lhe conferem autonomia para participar ativamente da aprendizagem e fortalecem a sua capacidade de pensar por conta própria.
O engajamento característico desse método dialoga com o perfil dos estudantes dessa geração: conectado, tecnológico, questionador e disposto a intervir positivamente na sociedade. Assim, teríamos um modelo educacional ainda mais atrativo e estudantes desejosos para aprender.
Esse aspecto é fundamental em um contexto no qual os estudantes têm acesso a milhares de fontes de informação na internet e disseminam constantemente as suas opiniões nas redes sociais. Em vez de a escola entrar nesse cenário como opositora, seria salutar que ela agregasse e debatesse essas transformações com os estudantes em sala de aula, o que desenvolveria uma formação pedagógica atual e dinâmica.
Papel do professor
O professor não é ausente, tampouco omisso em um modelo de metodologias ativas. Ao contrário, ele é bastante relevante, pois atua como um mediador e orientador nessa nova configuração de ensino. Isso significa tirar dúvidas, acompanhar e apresentar possíveis caminhos a serem trilhados pelos estudantes na busca pelo conhecimento, em vez de apenas solucionar os seus desafios prontamente.
Além disso, o próprio docente aprende muito nesse cenário. Essa metodologia proporciona uma relação de troca de saberes com os estudantes, em uma via de mão dupla na qual ambas as partes se desenvolvem construtivamente.
O que fazer para incentivar o protagonismo do aluno na escola?
Se sua escola ainda atua mais no modelo tradicional de ensino, saiba que ter o aluno como protagonista exige uma grande mudança de paradigma. Ou seja, seus professores, os estudantes e os próprios pais precisam mudar suas visões a respeito dos ideais educacionais que a instituição busca.
Por outro lado, implantar inovações no processo de ensino-aprendizagem pode ser mais fácil do que você imagina. A seguir, veja algumas dicas!
Invista em tecnologia
Propiciar o acesso à tecnologia vai além de adquirir mais máquinas. Graças aos serviços de cloud computing (armazenamento em nuvem), você pode assinar produtos educacionais on-line a um custo baixo e incentivar seu uso pelos professores e alunos.
Um exemplo é o Google Classroom, famoso sistema de gerenciamento de conteúdo educacional, que conta com versões gratuitas e pagas. Mas se você desejar uma opção mais personalizada, pode criar sua própria plataforma de ensino também via assinatura.
Além de deixar o ambiente virtual com a “cara” da sua escola, é possível realizar integrações com diversas mídias e canais, como Zoom, YouTube, aplicativos de estudo, além de serviços administrativos para os pais e professores.
Como tudo isso é responsivo, pode ser acessado de qualquer dispositivo eletrônico, incentivando o uso consciente de smartphones e tablets, o que facilita o chamado mobile learning.
Incentive atividades em grupo
Projetos em grupo também podem ajudar os alunos a desenvolver habilidades técnicas e socioemocionais que auxiliam em seu protagonismo, tanto no âmbito individual quanto para esforços colaborativos, como:
- lidar com problemas mais complexos;
- planejar, organizar e gerir o tempo;
- delegar funções e dividir responsabilidades;
- compartilhar diversas perspectivas e experiências;
- somar conhecimentos e habilidades;
- receber apoio social e incentivo para correr riscos;
- desenvolver novas abordagens para resolver diferenças;
- estabelecer uma identidade compartilhada com outros membros do grupo;
- desenvolver sua própria autoridade.
Promova debates
O debate é uma excelente ferramenta para ensinar os alunos a estruturarem seus pensamentos. Ao mesmo tempo, desenvolve competências analíticas e encoraja habilidades como pensamento crítico, argumentação, comunicação, desenvoltura, resolução de conflitos, controle das emoções, entre outros.
Além disso, os debates ajudam os alunos a encontrar soluções para problemas complexos, trazendo ideias criativas. Em longo prazo, isso contribui para os estudantes tirarem o melhor proveito de uma situação ruim, permitindo o enfrentamento de maiores desafios.
Respeite a personalidade dos alunos
Cada aluno tem sua própria personalidade, a qual deve ser respeitada. Por isso, os estudantes precisam se sentir à vontade com as tarefas propostas. Pense em atividades nas quais cada um possa se expressar da melhor maneira, incentivando-os a vencer barreiras, como medo de exposição ou vergonha, mas preservando os limites de cada um.
Ainda, vez ou outra, você precisará ajudar algum aluno a tomar iniciativa, especialmente se estiver se sentindo inseguro. A sensação de apoio do professor e do grupo é uma importante maneira de fazê-lo sair da zona de conforto.
Possibilite a tomada de decisões
Não se esqueça de articular atividades com foco na tomada de decisões. Além de ajudar a ter o aluno como protagonista, tomar decisões é uma parte importante da fase adulta, seja na escolha da carreira, seja nos rumos da vida pessoal e profissional.
Além disso, no próprio mundo do trabalho, habilidades de tomada de decisão agregam valor aos colaboradores, já que as empresas necessitam de profissionais que saibam como decidir os rumos dos negócios.
Ouça o que os alunos têm a dizer
Estimule constantemente o feedback dos alunos, não apenas com relação às atividades pedagógicas, mas também ao cotidiano escolar. Do ponto de vista da gestão estratégica, permitir que eles exponham suas opiniões e ideias ajuda você a encontrar uma gestão muito mais democrática e conhecer problemas específicos de sua rotina.
Para isso, promova pesquisas de opinião, ative seu grêmio estudantil ou incentive seu engajamento e torne os representantes de classe participantes em determinadas decisões. Ações como essas serão reveladoras ao aumentarem a sensação de pertencimento com a escola.
Quais as consequências de insistir em um estilo de aprendizagem majoritariamente passiva?
É fato que adotar aprendizagem passiva tem alguns benefícios pontuais para a dinâmica da sala de aula, como manter o controle da classe em certos momentos, ajudar na exposição a novos conteúdos, organizar melhor a apresentação de um grande número de informações-chave ou facilitar a comunicação com grandes grupos.
No entanto, resumir-se a aulas unicamente expositivas limita muito as oportunidades de aprendizagem, uma vez que não oferece formas de aplicação dos conteúdos, nem envolve os alunos realmente com as disciplinas.
Além disso, o professor não consegue saber ao certo quão bem os alunos estão aprendendo, o que prejudica não só seu rendimento, mas também impõe um sistema de avaliação que pode ser falho, já que a ênfase é colocada em repetir informações sem refletir ou demonstrar uma compreensão acurada. Sem oportunidade de aplicação, o uso de habilidades cognitivas de alto nível não acontece consistentemente.
Por fim, o desenvolvimento de competências socioemocionais também é prejudicado, uma vez que, necessariamente, o aluno protagonista não deixa sua zona de conforto, tampouco é exposto a desafios que exigem articulação em diferentes níveis ― pessoais e coletivos.
Neste artigo, você pôde conferir a importância de posicionar o aluno como protagonista na educação e como as metodologias ativas são uma ferramenta poderosa para implementar essa pedagogia. Esse modelo é essencial para a construção de um ensino mais moderno e participativo, o que fará com que o potencial dos estudantes alcance voos cada vez mais altos.
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